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22 de set. de 2012

QUEREM FECHAR O MUSEU NACIONAL DO AUTOMÓVEL


COPIADO DO PORTAL MAXICAR.COM.BR

Lacrado em 20/09, às 9h30!
Roberto Nasser, curador do Museu Nacional do Automóvel
A reportagem a seguir foi originalmente publicada em 17 de setembro de 2010. Portanto, há exatos 2 anos. Desde então a situação  jurídica do Museu Nacional do Automóvel (antes denominado Museu do Automóvel de Brasilia) não melhorou em nada. Pelo contrário: hoje, dia 20 de setembro de 2012, às 9 e meia da manhã, as portas da entidade foram lacradas pela justiça. Por enquanto, todo o acervo permanecerá lá, mas o Museu não poderá ser aberto ao público.
Os portões do museu foram lacrados pela justiça. Lamentável...
Colabore, assinando a petição pública, cujo link encontra-se no final da reportagem. Você antigomobilista, não permita que mais esse museu desapareça definitivamente!

Burocracia quer acabar com o Museu do Automóvel de Brasília
Willys Capeta, um dos principais automóveis do acervo
Há cerca um ano e meio, o Museu de Tecnologia da Ulbra, em Canoas-RS fechou suas portas. Possuia o maior e mais rico acervo brasileiro, incluindo não apenas automóveis, mas também motocicletas, máquinas agrícolas e tudo o que se refere à mobilidade. Sua extinção foi o resultado dos desmandos da administração da universidade que o administrava, somado à falta de sensibilidade do Poder Judiciário, que levou tudo a leilão para pagar uma ínfima parte de uma dívida imensa. Os antigomobilismo brasileiro certamente ficou um pouco mais pobre.
Agora, (setembro de 2010) chega-nos a notícia de que o Museu do Automóvel de Brasília também corre o risco de fechar suas portas. Trata-se de um dos mais representativos do gênero do país, pois abriga automóveis emblemáticos na história da indústria automobilística nacional. Está lá, por exemplo, um dos 5 exemplares do FNM Onça, o Willys Capeta (protótipo único), um dos raros Willys Itamaraty Executivo, entre outras peças de valor histórico inimaginável. São ao todo cerca de 40 veículos.
Mantido pela Fundação Memória dos Transportes, cujo curador é o jornalista e advogado Roberto Nasser — um dos maiores expoentes do antigomobilismo nacional, responsável por grande parte da legislação sobre veículos antigos — o Museu do Automóvel de Brasília ocupa desde a sua inauguração, há 6 anos, um prédio pertencente ao Ministério dos Transportes. O imóvel é alvo de uma ação de reintegração de posse e, segundo o Jornal Correio Braziliense, já foi encaminhada pela Secretaria de Patrimônio da União um comunicado, informando à entidade que o prédio deverá ser desocupado até o final de setembro. A intenção do Ministério dos Transportes é ocupar o espaço de cerca de mil e oitocentos metros quadrados basicamente para montar um arquivo geral de documentos!
Reportagem da UNB TV (Universidade de Brasilia), sobre manifestação de
antigomobilistas realizada em dezembro de 2011
Sem qualquer ajuda financeira governamental, o museu já recebeu desde 2004 mais de 100 mil visitantes.
— Este é um espaço cultural aberto ao público, cumprindo sua missão social, mantido com esforço e dedicação privados, sem nada custar aos cofres públicos. Fechá-lo, dissolver seu acervo, mandá-lo para garagens fechadas, em nome da ampliação de um arquivo de papéis, perfeitamente substituíveis por digitalização, é ato de violência contra a cultura do país. Será que não temos autoridades que pensam com a razão, com o olho no coletivo? Que país é este onde a caneta de um burocrata é mais poderosa que os registros de satisfação deixados por mais de 100 mil - cem mil! - visitantes? — desabafa Nasser.
Encontra-se à disposição dos admiradores de automóveis históricos na internet uma Petição Publica de apoio ao museu, que pede sua manutenção. O abaixo-assinado eletrônico encontra-se no link a seguir. Para participar, basta acessar o endereço, ler o documento e preencher um formulário com nome, RG, e-mail e algumas outras informações facultativas.
O jornalista e diretor do Galaxie Clube do Brasil, Portuga Tavares, escreveu  um manifesto sobre o assunto, que transcrevemos a seguir.
Texto: Fernando Barenco



Carta pública sobre manifestação de interesse em apoio à cultura automotiva nacional e a criação de mais museus de visitação pública
Srs,
A capital do nosso país, Brasília, tem ruas largas e planejadas, excelente asfalto e vias planas, além do tempo seco que torna bem possível a preservação de automóveis antigos, pontos suficientemente grandes para incentivar qualquer antigomobilista a engatar a primeira marcha e seguir em frente elogiando o local maravilhoso que está no planalto central.
Pelo visto a cidade que poderia ser o paraíso e abrigar coleções, não admite os automóveis antigos como essenciais para contar a história do nosso povo em movimento. Em vez de ganhar velocidade e promover a cultura do carro histórico, prefere desabrigar um acervo em vez de usar como incentivo aos novos talentos que podem descobrir nas maquinas antigas à inspiração para tempos futuros.
Em vez de criar uma fachada vistosa para que cada vez mais pessoas conheçam os automóveis ali guardados e promover uma reestruturação para que os carros deixem o ambiente parecido com uma garagem para receberem um projeto de lay-out que seja agradável ao visitante, parece que os governantes preferem tirar os carros de lá para usar o mesmo prédio para depósito de papelada.
É imperdoável que passe pela cabeça de alguém o fechamento de um museu, seja lá do que for, em troca de espaço para guardar qualquer outra coisa que não desperte o interesse público e a visitação. Se é assim, na minha humilde opinião: automóveis raros despertam maior interesse cultural.
Acredito que muitas pessoas gostariam de ver bem de perto carros raros, de fabricação limitada, e automóveis que transportaram grandes nomes da história. Talvez até falte ao museu algo que deixe bem claro que suas portas estão sempre abertas a visitação, não vou entrar nesse mérito, mas tirar os carros de lá talvez não seja a solução mais inteligente.
Como pode alguém preferir um galpão fechado com informações impressas (que poderiam estar digitalizadas) em vez de promover a cultura em formato de veículos que despertam o interesse público que estão disponíveis ao público para visitas?
A cidade que trouxe ao Brasil alegrias em formato de automóvel, com seus governantes que criaram leis e possibilitaram a proliferação dos veículos pelo país, sejam os sonhos do super carrões ou o desejo de ter um popular zero quilometro na garagem. Essa é a mesma cidade que deu abrigo a nomes do automobilismo nacional que conquistaram as pistas e projetaram o nome da nossa pátria em todo o mundo, alguns deles chagaram à Formula 1: Alex Dias Ribeiro, Roberto Pupo Moreno e Nelson Piquet.
Eu, André Gomes Tavares, que assino como Portuga Tavares, enquanto apaixonado por automóveis e cidadão pagador de meus impostos, acredito que tenho o direito de reclamar contra o dono da idéia de tirar do povo um museu. Esperava mais incentivo aos automóveis históricos nessa cidade que tem sua trajetória tão ligada aos veículos motorizados.
Nossos governantes deveriam saber que um povo pode ser melhorado com cultura e que os museus são a forma de transformar figuras e palavras de um livro em algo que pode ser tocado. Esse contato pode ser a fonte que inspira um novo talento e assim promover o crescimento humano e, conseqüentemente, o bem estar coletivo.
Seria muita ousadia desejar que essa carta humilde trafegasse pelas vias virtuais até estacionar em frente a alguém tão importante e influente a ponto de reverter “o despejo”. Fico na esperança, somente, que alguém tenha consciência de que papéis podem ser digitalizados e armazenados em micro computadores, mas automóveis fora dos museus são fadados a garagens particulares e longe do contato do povo.
Se o local for imprescindível para a nova destinação que alegam, poderiam nossas autoridades pedir um novo local para o museu, assim dois problemas ficam resolvidos. Só não pode deixar que o Brasil tenha menos um local dedicado a cultura e mais um local dedicado a burocracia, esse tipo de informação não pode ser recebida com naturalidade.
Quero ter o direito de visitar o Landau presidencial, o Tempra Pick-Up, o FNM Onça e tantos outros carros ali guardados, se eles puderem estar como nos dias de glória e em um local bonito melhor ainda, mas dentro de uma garagem particular onde ninguém terá o prazer de vê-los de perto, isso não!
Alguns museus já foram desmontados e seus carros deixaram de ser mostrados a todos para esconderem-se em garagens particulares. Espero, sinceramente, que nosso país siga em frente e que no âmbito cultural e que os Museus sejam cada vez mais comuns, que esse movimento siga sempre em marcha acelerada a frente, e nunca a ré, ou pior, que nossos governantes não deixam esse movimento circular na contra-mão.
Portuga Tavares 

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