Para parabenizar a todas, sem perder nosso foco no automobilismo, vamos contar um pouco da história de uma mãe passo-fundense que em sua época, foi uma verdadeira pioneira, pois possuía carteira de habilitação, permissão do marido para dirigir o carro dele (era obrigatório na década de 60), e ainda enfrentava a estrada, entre Passo Fundo e Caxias do Sul, entre outros destinos, acompanhada apenas dos filhos e sobrinhos, numa época em que não existiam asfaltos, apenas barro e pedras!!!!
Estamos falando de Iraci Maia da Silva Dal Pont, natural de Erechim, nascida em 1920, e que veio a casar com Mário Dal Pont, com quem teve três filhos. Um deles, nosso amigo Paulo Dal Pont, ainda guarda a Carteira de Habilitação de sua mãe, emitida em 1961!!!! a renovação também está junto, assim como a permissão assinada pelo marido...
O Paulo Dal Pont nos conta como era sua mãe:
"Uma mulher à frente de seu tempo, ou que ajudou a quebrar paradigmas, na época
em que a mulher não tinha direito a muita coisa.
Filha de revolucionário e aventureiro por parte de Pai e culta e delicada
por parte de Mãe, isso proporcionou uma mulher guerreira para a época.
Não aceitava a resposta " não é possível " com muita facilidade, por que
aprendeu cedo que tinha que lutar pelo que queria, e assim fomos criados. Romântica eterna, lia livros e livros em Português e Espanhol principalmente
romances, aventuras e poesias. Seguido me chamava para ouvir um poema que tinha
achado interessante. Nossas principais brincadeiras eram de heróis de livros o
que ela transmitia como histórias para serem brincadas.
Não aceitava desigualdade, ela levava no colégio Cenav sempre uma
contribuição mensal por que dizia que tinha gente com menos que nós, e uma prima
de Água Santa contou-nos que minha mãe estava lendo na sala da casa e ouviu uma discussão
na frente, eram dois Fiscais da Receita querendo levar a mercadoria de um
mascate, e ela tomou parte do Mascate, dizendo que aquilo era o sustento da
família e que ninguém iria tirar dele, e os fiscais foram embora sem a
Mercadoria.
Meu pai viajava muito e ela tinha que cuidar de três filhos e a pé ela
falava que não dava, então, como sabia dirigir fez carteira e ia pra estrada
principalmente Caxias do Sul e Tapejara, as duas de estrada de chão , imagino
hoje a sensação de medo em descer a serra das Antas de pedra e barro com todos
filhos e um primo que sempre estava junto, moderna até no vestir já andava de
calças compridas naquela época como mostra a foto nas Antas.
Esse era o famoso DKW o qual ela dirigia usando luvas sempre, na outra foto
dentro do DKW em três na frente , eu, ela e meu pai dirigindo e mais três atrás,
de Passo Fundo ao Rio De Janeiro pra ver a festa dos 400 anos em 1965.
Meu espirito de aventura e festa, vem de pai e mãe , ela com sua família em
1938 vindo de São Paulo de carro durante 10 dias de viagem, mas infelizmente faleceu cedo, com 49 anos, como seus pais, que faleceram com menos que isso.
Que seja uma homenagem a todas as mães que ajudaram a reverter a escuridão em que
a mulher vivia, e que todos que ainda tem mãe, saibam beijar todo dia como se
fosse o ultimo, e aos que já perderam a sua,como eu, lembrem sempre de tratar bem a
mulher pois ela é ou vai ser mãe um dia."
Está ai, a nossa singela homenagem a todas as mães, neste 12 de maio!!!!!na foto abaixo, nosso amigo e leitor Paulo Dal Pont, que tirou um tempo dos seus afazeres para escrever sobre a sua querida mãe, exemplo de mulher que hoje reverenciamos em nome de todas as outras mães!!!
Paulo, foi realmente emocionante ver foto de sua mãe e de voces que foram tão presentes na nossa infância! muito bom mesmo.
ResponderExcluirDuilio